Comunidade se mobiliza para construção da casa de saúde com 180 leitos, transfronteiriça e 100% SUS, através de palestras, reuniões e abaixo-assinado. Ato-público em defesa da vida será realizado no início de junho, no teatro Rosalina Pandolfo Lisboa
Em breve Uruguaiana poderá ter um hospital universitário, representando um avanço no setor de saúde da fronteira oeste do Rio Grande do Sul (RS), atendendo não somente brasileiros, mas argentinos e uruguaios. A área para construção, de cinco hectares, foi disponibilizada pela Universidade Federal do Pampa – Unimpampa, que oferta cursos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia e Educação Física, entre outros, com quatro residências multiprofissionais e três residências médicas em fase de liberação.
Trabalham para a concretização do projeto duas comissões pró-hospital, uma do município, instituída por decreto municipal e outra interna, pela Unipampa, as quais realizam ações de mobilização na comunidade, incluindo reuniões e palestras em instituições, divulgação na imprensa e em redes sociais, além da coleta de assinaturas em abaixo-assinado.
Uma grande mobilização será realizada no dia 11 de junho, com palestras no teatro municipal Rosalina Pandolfo Lisboa, com início do credenciamento às 13h30min. Após, no encerramento do evento previsto para as 17h, ocorre “Ato Público em Defesa da Vida”, com concentração na praça Barão do Rio Branco. O objetivo é esclarecer a população sobre a criação do Hospital Universitário e terá falas das doutoras Sueli Guerra e de Cheila Ottonelli Stopiglia, gestora do Campus de Uruguaiana da Unipampa e integrante da comissão universitária, responsável por todas as incumbências político-administrativas para a implementação do hospital.
Sueli abordará o tema “Importância dos hospitais universitários” e Cheila, “Hospital Universitário do Pampa: onde estamos e para onde vamos”.
De acordo com Cheila, a proposta é de um hospital com atendimento exclusivo pelo Sistema Único de Saúde – SUS, conveniado com Argentina (RA) e Uruguai (UY), que deverá atender as necessidades de saúde de média e alta complexidade da região, assim como expectativas de ensino, fortalecendo a educação no segmento de saúde. O objetivo é equipar e construir um hospital com 180 leitos, com um custo de 300 milhões.
“Hoje a proposta ficou contemplada como sétimo lugar no Brasil Participativo, porém não entrou no plano plurianual, então nossa mobilização é para sua visibilidade, para que ela não fique engavetada dentro dos ministérios. Precisamos mostrar que a região necessita de um hospital como este e que precisa que as pessoas pressionem e façam essa pressão no abaixo-assinado, para que os governantes enxerguem que o hospital é uma demanda que precisa ser atendida.
Após as reuniões com o Ministério da Educação – MEC, Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão – SPGG e Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, que irá gerenciar o hospital, a comissão ficou no aguardo da submissão da Proposta do Hospital Universitário para o edital do Fundo para Convergência Estrutural do Mercosul – Focem, encaminhada em 19 de fevereiro deste ano.
No entanto, no final de abril o resultado do edital do Focem foi divulgado, com a não contemplação do projeto para captar verba de 15 milhões de dólares, retirado de pauta, pelo fato de exceder ao limite disponível. Caso fosse contemplada, somada mais uma contrapartida de 15%, já sinalizada pela Secretaria Estadual de Saúde, chegaria a 80 milhões de reais, valor este que, segundo Cheila, “daria para construir um hospital com 80 leitos, compreendendo cardiologia e a pediatria, então já teríamos a partir do ano que vem a garantia do recurso e o início das obras para o hospital”.
Atualmente a comissão trabalha fortemente na divulgação da proposta do hospital, incluindo visita às instituições. “Apresentamos um histórico da caminhada e o abaixo-assinado, de forma física e virtual, que pede apoio para a proposta e mobilização”, informa Cheila. Ele pode ser acessado no link: https://forms.gle/euQW9MaSy21KZxys6
“Todas as pessoas da comunidade são importantes, cada um se soma à sua maneira, um que leva a folha para os vizinhos assinarem, para seu círculo de amizade, sua instituição”, frisou. Cheila reforça que “é um trabalho onde é importante cada um fazer a sua parte, as forças políticas, as administrativas e a comunidade, para que consigamos atingir nossos objetivos”.
O Hospital Universitário e a Santa Casa de Caridade deverão trabalhar em conjunto, com o objetivo de transformar Uruguaiana em polo regional de saúde. Conforme a gestora, “a Santa Casa será fortalecida e complementada com áreas e profissionais que não tem, assim como será beneficiada com o aumento do número de leitos para atender a região, que hoje são insuficientes”, ressaltando que “o que funciona bem vai se manter e as que são inexistentes serão colocadas no novo hospital”. Salientou ainda, que após a construção do primeiro módulo, com mobiliários e equipamentos, será a vez de trabalhar com o segundo módulo, cujo objetivo é fazer um convênio com EBSERH, que atualmente administra 41 hospitais universitários no Brasil, tendo como característica principal ser totalmente SUS.
“Precisamos esclarecer que a proposta do hospital universitário não compete com a Santa Casa”, frizou Cheila, informando que a comissão está aguardando um edital Ministério da Saúde em conjunto com o Ministério da Educação, para transformar a Santa Casa em hospital de ensino, para que possa concorrer e receber retribuição para o orçamento.
O hospital deverá ser referência para a região, onde existem mais de 500 mil pessoas, que precisam se deslocar para outras cidades para serem atendidas. “A prioridade será para cardiologia e pediatria”, afirma Cheila. “Como o hospital deverá ser mantido pela EBSERH, será feito um convênio com cada um dos países, para que os uruguaios e argentinos usufruam dos serviços, pois vivem situações bem semelhantes às nossas”, finaliza.