Professores do Curso de Tecnologia de Aquicultura da Unipampa desenvolvem Plano de Negócios que visa criar oportunidades para empreendedores, além de incrementar a economia local e regional.
Uruguaiana possui enorme potencial para o crescimento da produção, comercialização e consumo de peixes de alta qualidade, com clima propício e disponibilidade hídrica para se tornar um polo do segmento. Diante desta constatação, o Curso de Tecnologia em Aquicultura da Universidade Federal do Pampa – Unipampa desenvolve projeto e plano de negócios que visa aumentar o consumo de pescado na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Ainda em fase de análise e sem prazo para implementação, a iniciativa necessita da união de forças para ser uma realidade, incluindo o apoio da Prefeitura Municipal, do Sebrae, de produtores rurais e investidores.
O professor Gabriel Bernardes Martins, do Curso de Tecnologia em Aquicultura (Unipampa) em recente palestra ocorrida na Associação Comercial e Industrial de Uruguaiana – ACIU, abordou o tema ‘Aquicultura na fronteira Oeste – Oportunidade de Negócios”. Segundo ele, o consumo de pescados em Uruguaiana é considerado extremamente baixo e está relacionado às características culturais da região que não priorizam o consumo de peixes. Ele também apontou que a pouca disponibilidade do produto no mercado, assim como a falta de pescados de qualidade, de forma contínua, contribui para que as pessoas não incluam o peixe nas refeições. Por outro lado, disse que pontos positivos como a disponibilidade hídrica do município, assim como as características climáticas, favorecem a criação de peixes. Ressaltou que “além disso, o curso de Tecnologia em Aquicultura da Unipampa Uruguaiana possui um quadro de docentes altamente qualificados e formação de alunos com significativa capacitação, ou seja, características considerados facilitadoras para a implementação de projetos de aquicultura”.
Produzir Tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus), em sistemas de produção sustentável, abater e processar para a comercialização de pescados frescos é o grande objeto do projeto que também resultará na geração de emprego e renda, aumento da segurança alimentar e implantação de modos de produção sustentáveis. Segundo o professor, a produção deverá ser realizada por produtores rurais locais.
Martins salientou que Uruguaiana tem muitas barragens, as quais somam mais de 24 mil hectares, ou seja, tem condições de ser transformada num polo de pescado, com águas suficientes para a criação de peixes para consumo humano. Ressaltou ainda que em razão desta disponibilidade, modos de produções sustentáveis devem ser implantados para evitar as crises de insegurança hídrica, pois os dados indicam que até 2035 deverá afetar cerca de 70 milhões de brasileiros. Com esses dados, assegura que “Uruguaiana possui enorme potencial para o crescimento da produção, comercialização e consumo de peixes de alta qualidade”.
O modelo de negócio apresentado por Martins é de pequeno porte, para produção e comercialização de pescado fresco para atender a região Fronteira Oeste do RS, como por exemplo, o filé de peixe fresco. Será apoiado em três eixos: 1 – Produção (sistema integrado, padronização, sincronização, continuidade, planejamento e boas práticas); 2 – Abate e Processamento (unidade compacta, altamente eficiente, tecnologia, produtos de qualidade diferenciada); 3 – Comercialização (explorar mercado local e regional), diversidade de produtos, setor de qualidade, continuidade de programas de vendas).
A aposta não é somente no fortalecimento da economia, mas na segurança alimentar, valor nutricional, sustentabilidade e valor agregado. “As recomendações de cuidados com o ambiente e saúde pública tem orientado o consumo de produtos de alto valor nutricional e que utilizam meios de produção sustentáveis. Neste contexto, a produção de peixes, realizada de forma adequada, poderá atender essas demandas”.
Para atender a esses objetivos, o projeto prevê a implementação de tecnologias que aumentem a sustentabilidade ambiental e econômica, como por exemplo, o sistema de bioflocos utilizando estufa em uma das fases de produção. Assim, a estimativa é que ocorram dois ciclos de produção de peixes ao ano, mesmo com temperaturas baixas durante o inverno. Além disso, as tecnologias de abate e processamento proporcionam a operação com alta eficiência, reduzindo o consumo energético e de geração de efluentes.
A perspectiva é que no próximo triênio serão obtidos resultados significativos, com o estabelecimento de uma unidade de abate e processamento e produtores com projetos adequados participando da cadeia produtiva.